terça-feira, 19 de outubro de 2010

PRP: Técnica inovadora que mudou muito a minha vida. Saiba um pouco sobre ela.




O PRP (Plasma Rico em Plaqueta) é um novo procedimento médico, baseado em muitos estudos e em uma idéia inovadora:  após lesões de pacientes (principalmente em atletas porque utilizam mais da técnica), é injetada na lesão uma concentração de células reparadoras que são originadas do próprio sangue do paciente. Esse concentrado é formado por uma grande quantidade de plaquetas (esse é o motivo da origem do nome). Publicações atuais informam que a injeção local do concentrado contém substâncias que ajudam e estimulam a reparação de tecidos ajudando na cicatrização e crescimento celular, acelera a recuperação de diversos problemas como distensões musculares, lesões de ligamentos, tendinites e inflamações nas partes moles (lugares sem osso ou cartilagem, os músculos, por exemplo).
O efeito do procedimento passa por variações conforme o tipo de lesão,  características físicas e climáticas do paciente e está em estudos, a informação boa é que como o PRP é produzido a partir do sangue do próprio indivíduo, o tratamento praticamente não possui riscos, inclusive o de reação alérgica, mas mesmo assim, antes da realização do procedimento é necessária avaliação criteriosa de médicos especializados porque existe uma variação de aplicações  que podem influenciar no sucesso do tratamento. Estudos publicados em jornais especializados na área como o “The Jounal of American Medical Association”, divulgam os pontos positivos e negativos do procedimento, concluem que as aplicações podem ser eficientes em cicatrizações de algumas lesões, mas ressaltam que para lesões em Tendão calcâneo degenerado o procedimento pode ser menos satisfatório.
Como tudo que é novo, demora para ser adotado. O procedimento ainda não é credenciado pelos planos de saúde e muito menos pelos órgão governamentais, existe a necessidade de documentações e maior utilização da técnica. Mesmo sendo divulgado pela mídia em geral, principalmente quando o procedimento é realizado em grandes atletas ainda existe muita discussão relacionada a essa aprovação e a comprovação do método. (OBS.pesquisem mais com profissionais e publicações)

Depoimento pessoal sobre o tema
Resolvi escrever sobre esse assunto porque esse procedimento foi fundamental para minha reabilitação. Comecei a contar um pouco do que venho enfrentando nos ultimos 24 anos (relacionado a minha saúde e principalmente qualidade de vida). Não lembro se cheguei a comentar, mas tenho 12 cirurgias somente em um joelho, (mais 04 em outras articulações).
A qualidade de atendimento em saúde caiu tanto (principalmente quando é por convenio ou pela rede publica) que nem sempre saimos do consultório convencidos de que aquele diagnóstico é certo. O maior problema, é que a grande maioria das pessoas que procuram por atendimento médico possuem outras profissões, portanto são leigos no assunto (nem vou questionar o fato de terem condições financeiras ou não, sabemos bem a realidade do nosso Brasil). Então, tive que me adapitar e começar a estudar meu corpo para poder diminuir esse alto número de operações e para começar a viver melhor comigo mesma  suportando mais  as dores, diga-se de passagem nunca são entendidas pelas pessoas que estão em sua volta e para os médicos (existem exceções)  eu pessoalmente imagino que essa falta de entendimento seja ainda maior (cansei de ouvi: -“Calma, nem está doendo tanto assim”. ou –“Isso já é frescura da sua parte, controle-se”. Digo mais, pelo meu problema e o tempo que ele existe acredito  ser bem controlada.
Voltando a técnica. Faço tratamento fora de Cuiabá a mais de 10 anos, passei por não sei quantos ortopedistas (particulares, conveniados etc), fisioterapeutas, psicólogos, neurologistas, fisiatras, clinicos de dor etc. Perdi a conta da quantidade de especialistas e opiniões.
A dois anos, estava em uma das minhas piores fases, aquelas que tudo doi além do joelho. Em um período muito curto tinha tido minha segunda filha, operado o ombro e a mão, e uma cirugia de refluxo (provocado por medicamentos e outros fatores) e tinha que operar um mês depois do refluxo, novamente o joelho. Foi um baque. Mas sou muito confiante e Deus sempre coloca alguém em condições piores do que eu na minha frente para fazer com que lamente ou reclame menos. Mas nessa época realmente não aguentei e entrei em depressão profunda, foi a pior época da minha vida. Agora eu procuro não lembrar, mas gosto de contar para estimular pessoas que talvez também estejam na pior época da sua vida.
Depois que saí da depressão, tive que retornar os tratamentos ortopédicos e fui informada sobre um médico atravéz de outro médico que respeito e considero muito (Dr. Haruki Matsunaga – especialista em joelho aqui em Cuiabá). Ele me disse sobre o Dr. Sérgio Mainine (doutor em ortopedia pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo e professor de ortopedia da Faculdade de Medicina do ABC, que atende no COE no ABC Paulista).
Como faço sempre, marquei uma consulta na esperança e na confiança em Deus, que encontraria um profissional disposto a ouvir toda a minha história com tempo, carinho e que depois tivesse dedicação. Digo isso hoje com essa enorme coragem, porque foi isso que aconteceu, (não vou relatar, caso contrário teria que fazer um livro ou no mínimo um jornal).
Ele veio para Cuiabá operar um paciente junto com o Dr. Haruki, e fez a minha também, com a finalidade de bloquear os pontos de dor através de uma cauterização e uma limpeza geral. Esperávamos uma melhora considerável  para que eu pudesse levar a vida com menos dor (pelo menos no joelho).
Quero abrir um parêntese para agradecer a família do paciente, compreenderam minha situação e aceitaram que o Dr. Sérgio realizasse meu procedimento. Tenho que dizer, hoje somos bons amigos.
O resultado do procedimento  foi satisfatório por 03 meses, depois quase enlouqueci de dor, que com o passar dos dias estavam aumentando. Mais uma vez não compreendíamos porque, os exames não justificavam. Aí decidimos (eu e o Dr. Haruki) fazer mais um procedimento cirúrgico (uma biopsia), para saber sobre um ligamento sintético que foi colocado na minha sétima cirurgia. O resultado foi o que eu imaginava há algum tempo: Estava tendo rejeição do material.
Voltei ao Dr. Sérgio, decidimos que iríamos tirar, quando estava fazendo os exames para a cirurgia descobri que estava grávida, tive que aguardar. Não foi fácil minha gestação, mas vejo minha filha linda e saudável com nove meses rindo para mim a toda hora e agradeço a Deus, ele é muito bom.
Marcamos a cirurgia para quatro meses depois do nascimento dela, no dia primeiro de maio desse ano.
Enquanto aguardava tinha uma pergunta que não saia da minha cabeça, comentei com o Dr. Haruki, iríamos tirar o ligamento, mas eu continuaria com problema de cartilagem, achava injusto fazer mais uma cirurgia e ainda ter dor e talvez instabilidade.
Em conversa entre o Dr. Haruki e o Dr. Sérgio, foi sugerido o PRP. Claro, tive que receber uma pequena explicação sobre o procedimento. Também descobri que para fazer isso teria que ir a São Paulo, aqui não tem laboratório especializado, ou teria que trazer mais um profissional junto com o médico. Fiquei sem chão, tive problemas em cirurgias anteriores quando voltava para Cuiabá em aviões (acabei perdendo as cirurgias por causa de queda nas escadas, mas é outra história). Trazer outro profissional ficaria muito mais caro do que eu podia pagar, acabamos por abandonar a idéia.
Mas a pergunta não saia da minha cabeça, passei a perguntar a amigos da área da saúde se eles conheciam a técnica (tenho que agradecer muito ao meu primo Reuder que é fisioterapeuta – ele foi decisivo na minha opção). Fui pesquisar, descobri que é muito utilizada por dentistas e que já existiam muitas pesquisas. Vi o que era positivo e o que era negativo (tomei cuidado em ver se as informações eram confiáveis), por sorte assisti uma matéria no Esporte Espetacular, me animei a pesquisar mais, resolvi mandar um e-mail ao Dr. Sérgio explicando o que eu já sabia sobre a técnica e se estava certa e se era por aquele motivo que tinha sugerido, escrevi quase um jornal como esse, minha angustia era muito grande, pois faltava menos de uma semana a cirurgia aqui em Cuiabá, a resposta dele veio rápida e para mim foi a melhor palavra que tinha lido nos últimos tempos –“SIM”. Para todas as minhas perguntas, uma única resposta, foi aí que começou a minha correria, eu  também respondi sim e completei: - Vamos fazer.
A equipe da Clinica Genus foi fantástica, a do COE também. Descobrimos um laboratório aqui que fazia o processamento do material e eu fiquei muito feliz, teria uma despesa a menos. Mas como nem tudo na vida vem do céu, tivemos um problema, a cirurgia estava marcada para primeiro de maio, (leiam a ironia do meu destino), dia do trabalhador, e no dia do trabalhador o trabalhador não pode trabalhar (me desculpem, eu também gosto de descansar às vezes, mas sempre abro exceção) e nesse caso não conseguimos essa exceção. Outro choque, outra correria. Resolvi trazer o profissional de São Paulo, na realidade a profissional, uma bióloga Dra. Jéssica (maravilhosa), ela não se opôs a nada, e fez um procedimento na noite anterior a minha cirurgia lá em São Paulo tendo que viajar na madrugada e ir direto ao hospital.
Tomamos o cuidado de remarcar o horário, para que ela tivesse um pouco mais de tempo de descansar.
Fizemos a cirurgia e o procedimento. Minha recuperação é um pouco mais lenta do que os outros casos devido ao número de vezes que fui operada no mesmo joelho. Utilizei muletas por quatro meses e estou fazendo fisioterapia, tenho flexibilidade total, ainda tenho algumas dores quando faço muita atividade durante o meu dia, mas sinto uma maior estabilidade no joelho.
Em resumo, para terminar sobre esse tema PRP, vale à pena pesquisar para quem tem problema semelhante, existe comunidades na internet que discutem sobre o assunto, muitos especialistas utilizando da técnica, mas vale novamente ressaltar: procurem profissionais capacitados, clinicas e hospital com a mesma capacitação vale a pena uma boa pesquisa quando estamos tratando da nossa saúde. Quero ressaltar também que não adianta fazer somente a técnica, o paciente tem que ter disciplina e força de vontade na recuperação.

Abraços com muita gratidão a todos que me ajudaram principalmente minha família e os médicos que mencionei e agora os fisioterapeutas.
Fernanda Braga